Qualidade e Produtividade

Consultoria em Engenharia de Métodos|QP08

Reflexão e Precursores
“Dotado de um cérebro e da capacidade de observar, analisar e criar, o homem é um ser pensante que, por intuição e por desejo de ser sempre melhor, transforma seus sonhos em realidade, aprimorando sempre seus métodos de trabalho”.

Quanto mais estudamos o trabalho de grandes líderes, mais se evidencia o fato de que eles foram, também, mestres do método. O primeiro registro de uma tentativa organizada de estudar métodos de trabalho é de 1776, francês M. Perronet – estudos sobre a fabricação de alfinetes. O segundo registro por volta de 1830, um inglês, Charles Babbage – estudos de tempo sobre fabricação de alfinetes. Estes estudos não foram muito além da cronometragem da sequência completa das operações de fabricação

Em 1883, Frederick Winslow Taylor contribuiu com uma nova abordagem para o assunto, ao subdividir uma tarefa em operações elementares, considerando cada uma delas em separado. A ele é devida a primeira determinação analítica de métodos de trabalho, assim como a expressão estudos de tempos. A contribuição mais importante de Taylor, neste campo, foi a aplicação do método científico para enfrentar o problema da idealização de melhores métodos de trabalho.

Quase na mesma época, uma análise mais profunda era desenvolvida por Frank Bunker Gilbreth e a Dra. Lillian Moller Gilbreth. Eles se empenhavam na subdivisão de uma tarefa, naquilo que eles consideravam elementos fundamentais do movimento, estudando separadamente estes elementos, um em relação ao outro; a seguir, reagrupavam os elementos, eliminando os desnecessários. Esta síntese de elementos restantes era arranjada de modo a propiciar a melhor combinação e sequência possíveis. A esse trabalho deram o nome de “estudo de movimentos”.

Outro pesquisador, Charles Eugene Bedaux, esteve ocupado no campo de estudo de tempos, a partir de 1911. Fez experiências no sentido de encontrar uma unidade comum para medir o trabalho físico do homem. Esta unidade, conhecida como “unidade Bedaux de medida do trabalho”, ou, abreviadamente “B”, devia consistir numa combinação de trabalho e descanso. As proporções entre estes dois itens dependiam da natureza física do trabalho e do repouso subsequente, necessário para compensá-lo.

O avanço seguinte nesse campo, foi a simplificação do trabalho, criada por Allan H. Mogensen, engenheiro de produção da Universidade Cornell. Por volta de 1930, ele definiu simplificação do trabalho, como sendo aplicação organizada do senso comum, na procura de maneiras melhores e mais fáceis de executar todo e qualquer trabalho, indo desde a eliminação de movimentos desnecessários em pequenas operações manuais, até a completa reformulação do arranjo físico da fábrica. Cada empregado seria ensinado a perguntar “Por Que?” a respeito de tudo que fizesse.

Outro americano, Harold B. Maynard, contemporâneo de Mogensen, ocupou-se em confrontar o trabalho dos pioneiros à luz de sua experiência como engenheiro de produção. Como observou, o objetivo comum de todos os que trabalhavam no campo era essencialmente o de conseguir máxima efetividade do trabalho; isto, porém, não seria obtido através de tentativas isoladas, tais como análise dos movimentos do operador, cronometragens extensivas, trabalho mais intenso, ou maiores e melhores incentivos, mas sim pela fusão de todas as técnicas criadas. A esta abordagem coordenada e sistemática da melhoria dos métodos de trabalho, Maynard deu o nome de “engenharia de métodos”.

 FOI ENTÃO CRIADA A ENGENHARIA DE MÉTODOS

Engenharia de Métodos
Compete à Engenharia Industrial o projeto, a melhoria e a implantação de sistemas integrados envolvendo homens, materiais e equipamentos, especificar, prever e avaliar os resultados obtidos destes sistemas, recorrendo a conhecimentos especializados da matemática, física e ciências sociais, conjuntamente com os princípios e métodos de análise e projeto de Engenharia, considerando os elementos mostrados na Figura abaixo: 

Engenharia de Métodos, no ambiente da Engenharia Industrial, ainda é uma área nova em relação às outras disciplinas e sujeita à evolução, mas pode-se dizer que: SEMPRE EXISTE UM MÉTODO MELHOR DE SE FAZER QUALQUER COISA e, e cabe à a Engenharia de Métodos encontrá-lo.

No ambiente da Engenharia de Métodos temos a Cronoanálise e a Cronometragem sendo que:

  • Cronoanálise é a tabulação, é a arte de utilização do Tempo Padrão, visando a melhoria do método de trabalho. Cronoanálise é a base da racionalização e da produtividade. Cronoanálise é criatividade, é iniciativa, é lógica e,
  • Cronometria é o cálculo, o ato mecânico de se chegar ao Tempo Padrão.

A análise de métodos é uma avaliação rigorosa do conteúdo de trabalho, para que se possa eliminar operações ineficazes ou desnecessárias e reorganizar as operações restantes. Em essência, a análise de métodos é usada para fazer um trabalho mais simples e sem perda de tempo, enquanto ainda se mantém em mente a ideia de dignidade e humanização. A melhoria de métodos pretende que as pessoas aumentem sua produtividade através de trabalho inteligente e não cansativo, aumentando a eficiência da operação e do operador.

Neste contexto temos alguns fundamentos básicos da Engenharia de Métodos:

  • Desenvolver processos, operações e fluxos otimizados que forma que sejam minimizados todos os movimentos ineficientes;
  • Considerar a melhoria das condições de trabalho do operador aplicando os fundamentos da ergonomia no posto de trabalho;
  • Tirar do operador aqueles trabalhos que não são dignos, ou seja, trabalhos que exijam apenas esforços físicos e sem segurança;
  • Buscar sempre o melhor método para se fazer um trabalho, pois qualquer método pode sempre ser melhorado.

Neste contexto temos os seguintes questionamentos típicos (posturas) dos estudos de melhorias de métodos de trabalho, relacionando-os com as respectivas ações, conforme mostrado nas Figuras abaixo:

Discurso do Método
Destacamos trecho do discurso de Renê Descartes (1637, de seu livro “O Método” sobre o “Método para bem conduzir seu raciocínio e procurar a verdade nas ciências”:

  • O primeiro era de nunca aceitar nada como verdadeiro antes que a própria razão o reconhecesse como tal, ou seja, de evitar cuidadosamente a precipitação e a suposição, de nada adicionar a meus julgamentos além do que se apresentasse tão clara e distintamente ao meu espírito que eu não ousasse colocar a menor sombra de dúvida;
  • O segundo, de dividir todo problema em tantas parcelas quantas fossem possíveis e necessárias para melhor resolvê-lo;
  • O terceiro, de conduzir ordenadamente meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis a conhecer, para subir, pouco a pouco, como através de degraus, até o conhecimento dos mais complexos, supondo mesmo uma ordem entre aqueles que não se procedem naturalmente.
  • E o último, de fazer para tudo desdobramentos tão detalhados e revisões tão gerais que me fosse assegurado nada ter esquecido.

Esses longos raciocínios, tão simples e fáceis, (...) deram-me a oportunidade de imaginar que todas as coisas que podem cair no conhecimento dos  homens se sucedem da mesma maneira, desde que abstenha-se de nunca  receber como verdade aquilo que não seja, guardando-se sempre a ordem  necessária para deduzi-las umas das outras; e que nada pode existir que, por mais distante não se aproxime, nem tão escondido que não se descubra.

Economia de Movimentos
Em seu livro “Estudos de Tempos e Movimentos”, Ralph M. Barnes, faz uma lista de 22 Regras de Economia de Movimentos, que são amplamente explorados nos trabalho de melhoria de métodos (cronoanálise):

Relacionadas ao Corpo Humano:

  • As mãos devem iniciar e terminar seus movimentos ao mesmo tempo;
  • As duas mãos não devem permanecer desocupadas ao mesmo tempo, exceto durante os períodos de descanso;
  • Os movimentos dos braços devem ser feitos sobre direções opostas e simétricas e simultâneas;
  • Devem ser empregadas os movimentos de categoria mais simples, compatíveis com uma execução satisfatória do trabalho;
  • Os movimentos suaves, curvos e contínuos das mãos são preferíveis aos movimentos em linha reta que necessitam mudanças bruscas de direção;
  • O trabalho deve ser disposto de forma a permitir ritmo suave e natural, sempre que possível;
  • A velocidade adquirida deve ser utilizada para ajudar o operário, sempre que possível. Ao contrário, ela deve ser reduzida ao mínimo se tem que ser vencida pelo esforço muscular;
  • Os movimentos livres são mais rápidos, mais fáceis e mais exatos que os movimentos bruscos ou controlados;
  • Fixações da vista devem ser reduzidas a um mínimo e se encontrarem tão próximas entre si quanto possível.

Relacionadas ao Posto de Trabalho:

  • Deve haver um lugar fixo e determinado para todas as ferramentas e materiais;
  • Ferramentas, materiais, gabaritos e dispositivos devem estar colocados próximo do operador e diretamente diante dele;
  • Devem ser utilizados depósitos e caixas alimentadoras por gravidade, para a distribuição do material o mais perto do local de uso;
  • A distribuição da peça processada deve ser feita por gravidade, sempre que possível;
  • Materiais e ferramentas devem ser localizados de forma a permitir a melhor sequência de movimentos;
  • Deve-se providenciar condições adequadas para a visão. A boa iluminação é o primeiro requisito para a percepção visual satisfatória;
  • As alturas do posto de trabalho e do assento devem ser tais que possibilitem ao operário trabalhar alternadamente de pé e sentado, tão facilmente quanto possível;
  • Um assento de forma adequada e altura regulável, permitindo uma posição cômoda durante o trabalho, deve ser posto à disposição do operário.

Relacionadas a Ferramentas e Equipamentos:

  • As mãos devem ser aliviadas de todo trabalho que possa ser executado com mais vantagem por um dispositivo, um gabarito ou mecanismo acionado a pedal;
  • Sempre que possível, devem ser combinadas duas ou mais ferramentas;
  • As ferramentas e materiais, sempre que possível, devem estar colocadas numa posição adequada, já orientados de acordo com o seu uso;
  • A carga de trabalho deve ser distribuída de acordo com a capacidade própria de cada membro do corpo;
  • As alavancas, manivelas e volantes devem estar colocados em posições tais que o operador possa manipulá-los com a menor mudança de posição do corpo e máxima eficiência mecânica possíveis.

Medida do Trabalho
É a aplicação de certas técnicas visando a determinar o tempo necessário para a execução do conteúdo de trabalho de uma tarefa, por uma pessoa adaptada e treinada no método específico, em ritmo normal, calculado segundo normas de rendimento bem definidas. Deve servir de base para os cálculos de capacidade e programação da fábrica, necessidade de recursos físicos e humanos, determinação de restrições e o custo do produto. Após as análises de métodos, procede-se ao estudo de tempo, o qual pode ser feito utilizando-se diversas técnicas, em função da realidade do trabalho que está sendo executado:

  • Método da estimativa estatística: É a forma de determinar o tempo baseado na experiência das pessoas que conhecem a atividade e seus respectivos elementos. Recomenda-se considerar a avaliação de, no mínimo, duas pessoas, e usar tratamento estatístico adequado;
  • Método da amostragem do trabalho: É a forma de determinar o tempo através da verificação da quantidade de ocorrências dos elementos observados. Transforma-se esta quantidade em porcentagem e, posteriormente, em tempo;
  • Método do registro do tempo: É a forma de determinar o tempo através do registro da realização dos elementos ou da atividade, apontando corretamente o momento de sua ocorrência, início e fim (dia/hora/minuto), bem como a sua frequência;
  • Método do tempo sintético: É a forma de determinar o tempo usando tabelas de tempos pré-determinados, as quais consideram as condições e os fatores específicos para cada movimento, somente podendo ser aplicadas caso haja aderência. O mais comum: Tabelas MTM;
  • Método do tempo cronometrado: É a forma de determinar o tempo, através do uso de cronômetro, feito por profissional especializado e considerando-se todas as recomendações da análise de métodos de trabalho combinado com técnicas de raciocínio analíticas e estatísticas.

Metodologias e Ferramentas
Nos trabalhos de consultoria utilizamos, como referência, o fluxo mostrado na Figura abaixo, o qual relaciona as principais ferramentas que podem ser utilizadas para a análise de processo, método, tempo e custo.

Escopo da Consultoria
Realização de estudos de Engenharia de Processos, Métodos e Tempos, envolvendo a Cronoanálise e a Cronometragem para a simplificação e padronização do trabalho, bem como a distribuição da carga (balanceamento de linha – takt time). A determinação do tempo da operação por ser feita por vários métodos de estudos de tempo.

Próximo Passo
Caso a sua empresa esteja interessada em desenvolver este trabalho de Engenharia de Métodos – Cronoanálise e Cronometragem, não hesite em nos contatar para fazermos os alinhamentos necessários e envio de proposta técnica e comercial.